quarta-feira, 19 de agosto de 2009

A trama da internet

"A internet ao mesmo tempo que aproxima pessoas distantes, distancia pessoas próximas", refletiu Pedro.
Estava num banco de uma praça, numa terça ensolarada às 15h. A paisagem era de um azul radiante adicionado à um verde que se movia e fazia barulho, sendo encarnado em folhas de árvores. O piso da praça era de cor meio suja, tendo várias rachaduras e também matinhos e galhos entre as frestas. Olhava profundamente para as mãos e os pés(que vestiam tênis). Seu cabelo se mexia um pouco com o vento, e sua camiseta preta já surrada acompanhava a brisa.
Mas ele nem percebia esses detalhes. De tão imerso em seus pensamentos, mal via quem passava. Estava em outra dimensão... até ficava um pouco atordoado com aquilo. Mas finalmente "aquilo" tinha lhe afetado, e não sabia como escapar, tamanha era a sua culpa.
Nos últimos seis meses, tinha passado de 8 à 12 horas por dia no computador. A maioria do tempo gasto para nada servia, era puro lixo digital, e como podemos perceber, totalmente inútil. Mas mesmo assim, quando entrava naquela atmosfera, nada o fazia querer sair daquele lugar. E quando saía, nada queria fazê-lo lá voltar... ficava se remoendo arrependido por ter perdido mais momentos de sua vida dentro de uma tela. Mas continuava a fazer isso, todos os dias, após voltar às 13h do trabalho qua fazia há mais de 5 anos, e que nunca havia subido de cargo.
Uns diziam que era pura má voltade. Outros, que havia se tornado um viciado. E ainda alguns achavam que Pedro havia nascido para empacotar produtos ao lado do caixa do super mercado.
Mas Pedro, que já estava com mais de 23 anos nas costas, sabia realmente o que estava acontecendo com ele. Diferente de outros, ele assumia o que lhe viciava, mas mesmo assim não tinha forças para lutar contra.
Certo dia, teve uma briga horrível com sua mãe. Saiu chorando. Acabou indo sentar em um banco de praça, onde ficou a refletir.
Pedro se viu em um precipício. Podia tanto pular para o fim quanto voltar e restaurar um começo. Pena que a segunda parte era muito difícil, muito mais que a primeira (esta era momentânea).
Também achou outra comparação... era como uma bixiga velha de festa, murcha, abandonada, que já tinha presenciado o sabor da beleza e admiração, mas que agora era tomada por opacidade e timidez.
Concluiu então que era um homem sem quase nada. Morava com os pais e só ajudava em algumas despesas. Não tinha mais sonhos, já que seu tempo era ocupado pela tal "máquina". Via rostos iguais todos os dias, e começou a (finalmente)se cansar daquilo, se perguntando e revendo toda a sua trajetória até então.
A última namorada que teve foi aos 18 anos, e ela não gostava muito dele. Ele a amava, e ela o traiu. Deve ser por isso que Pedro amava tanto o seu computador... lá ele não lembrava de suas mágoas, e também não se via obrigado a se cuidar tanto pra chamar atenção de alguém.
Ouvindo um cantar de pássaro, lembrou que já tinha feito aulas de guitarra, e que sua mãe tinha lhe dado uma. Depois de um mês tocando, ele a abandonou, achava que não servia pra tocar (nem ao menos havia tentado direito).
Em resumo, Pedro percebeu que não dava sustância às coisas que criava. Era realmente muito criativo, tinha uma mente fértil, mas mesmo assim, nenhuma inspiração. O que fazia com que ele nunca terminasse aquilo que começava.
E então, todos seus pensamentos que passaram em um flash de segundos o levaram a conclusão que tinha que estudar. Pegar num livro de verdade. Num livro racional.
E quando fez isso, sentiu o cheiro da folha vinda da madeira, se entregou. De verdade. E lá mergulhou de cabeça naquilo que era mais real to que tudo que vivera.

1 Comment:

  1. P. said...
    que lindo gi *-*
    lindona!
    beijao boa sorte com o teu blog tbm
    te amo (l)

Post a Comment